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Piu Afonseca
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Sobre Dalí, escultura e minha mãe

Essa é minha primeira escultura em clay. E cheia de significados.

dalí - frente.jpg

https://www.piuafonseca.com/sculpture

Sempre gostei do Dalí. Ainda na faculdade, estudando artes plásticas, fiz uma escultura em arame, de um de seus elefantes. Aqueles com pernas longas e finas presentes em algumas de suas obras.

Minha mãe adorava essa escultura. Ficava na sala de casa.

Até um dia que uma criança, numa festa, pegou pra brincar e acabou destruindo a escultura. Minha mãe ficou muito triste.

Depois de 22 anos, resolvi fazer essa escultura retratando o Dalí. Um retrato que, além de surreal como a obra dele, homenageia minha mãe. Que, como neurocirurgiã, passou grande parte de sua vida cuidando dos cérebros das pessoas.

Nossa parte mais sensível e que, por isso, será reproduzida em vidro ou material similar, que represente bem sua fragilidade. 

Para ficar ali, apoiada sobre a onda. Que representa a potência, a força incontrolável da natureza. A força criativa de Dalí, a força da minha mãe e a força de cada um de nós, seres humanos.

Que cada vez mais, como os homenageados, escolham usar suas forças para o bem.


#hope #tribute #honors #mom #mymom #salvadordalí #dalí #sculpture #dalíart #dimclay #claytrix #oilclay #brain #wave #moustache #mãe #escultura #cerebro #neurocirugia #homenagem #esperança





Tuesday 01.26.21
Posted by Piu Afonseca
 

Eles sempre avisam.

Quando, em 2008, o policial Derek Chauvin, agora preso pelo assassinato de George Floyd, atirou duas vezes em um homem negro, sendo que isso foi uma das quase 20 queixas - todas arquivadas - ao longo de seus 19 anos de carreira, ele estava avisando.

Quando Ricardo Salles, então Secretário do Meio Ambiente do governo Geraldo Alckmin, foi acusado de fraudar processo do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Várzea do Rio Tietê, em 2016, ele estava avisando.

Quando Jair Bolsonaro, na época deputado federal, homenageou o torturador coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, também conhecido como Dr. Tibiriçá, (em 2008 condenado pelos seus crimes de sequestro e tortura), na ocasião da votação do impeachment da então presidente Dilma Roussef, ele estava avisando.

Quando Donald Trump, então candidato a presidente dos EUA, disse que os mexicanos estariam “trazendo drogas, crimes e estupradores” e na ocasião das dezenas de acusações de assédio sexual e, inclusive, de estupro, ele também estava avisando.

Enfim, esses idiotas, xenofóbicos, assassinos, ou qualquer outro adjetivo que cabe para pessoas que, como as dos exemplos aí em cima, representam o pior que nossa espécie é capaz de produzir, são mesmo tudo isso.

Mas, ao contrário dos malucos que entram no cinema ou em escolas atirando, eles não são imprevisíveis. Ah, isso eles não são mesmo.

Eles sempre avisam.

Tá mais do que na hora de aprender a perceber - e levar a sério - todos os avisos e não mais sermos passíveis e tolerantes à eles.

Tuesday 06.02.20
Posted by Piu Afonseca
 

Descansa, mamãe.

Mamãe,

Você enfrentou o machismo da época – e da especialidade, provou que podia ser melhor que todos os "machos" que estavam lá e se tornou a primeira neurocirurgiã do Brasil, pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

Nessa mesma Santa Casa, você conheceu o papai. E, com ele, vocês tiveram dois filhos. Eu e o Márcio, nascemos de cesária e, nas duas vezes, pouco depois, você já estava trabalhando.

E como você trabalhava. Lembro da época de plantões, e do Bip. Aquele amarelinho. Você andava com aquele treco pra cima e pra baixo. A única coisa que ele fazia era isso mesmo: “Bip”. Repetida e infernalmente, até você ligar pra central. E saber que tinha que sair do campeonato de sinuca do clube, da festa as 3h da manhã, ou do lugar que fosse, pra correr pro hospital. Em grande parte das vezes, pra abrir uma cabeça e resolver uns “probleminhas”.

As vezes isso ia até a manhã seguinte. E aí você avisava o papai que ia ficar por lá mesmo, porque logo mais já tinha consulta. Ou outra cirurgia.

Mãe, você teve um câncer na época que isso era sentença de morte. Fez piada comendo maminha numa churrascaria na véspera da cirurgia e foi operar no dia seguinte da mastectomia, arrastando o dreno – que você deu o carinhoso nome de Lulu – pelos corredores do hospital.

Com seu astral e genialidade, você deu uma aula de como a cura pode estar na cabeça. Na forma leve, divertida de encarar a vida. Mais tarde, você ainda ajudou várias mulheres que tiveram o mesmo problema, a enxergar a vida dessa mesma forma e, assim, à tirar de letra o câncer do mesmo jeitinho que você fez.

Junto com o papai – que, aliás, foi quem pré-diagnosticou seu câncer – vocês criaram dois filhos com amor, companheirismo e dedicação sem iguais. Que paizões vocês sempre foram! Até trailer vocês tiveram pra se divertir com a gente. Nunca esqueço de ir caçar rã com o Márcio e o papai no laguinho do camping. Aí, no trailer, vocês fritaram o bicho pra gente comer. Que delícia que era (me refiro às viagens de trailer com vocês, a rã, nem tanto…).

Vocês viveram 46 anos juntos. Era lindo de ver. Que casal incrível. Lembro dos meus amigos verem vocês dois dançando na sala de casa, no meio de um churrasco da molecada e comentarem: "seus pais são demais!".

Meu orgulho por vocês é enorme e pra sempre.

Vocês viajaram bastante por esse mundão né? Queria que pudessem ter feito bem mais viagens juntos, mas até que deu pra vocês aproveitarem. Lembra das viagens de mergulho que vocês faziam? Aliás, falando em mergulho, o papai nunca vai admitir que narcosou naquele paredão em Cuba que você avisou o dive-master pra ir buscá-lo. Lembro de você provocando, brincando com ele por isso.

E numa outra viagem, em Cozumel, vocês deixaram pra passear nas ruínas de Tulum no dia que não podiam mais mergulhar. Depois, você falava que as ruínas foram sua ruína. Um deslize, quebrou seu tornozelo de um jeito bem feio. Mas ainda bem que o papai tava lá pra cuidar, apoiar num lugar fofinho e pegar cerveja pra você que, de tanta dor, queria desmaiar, mas não conseguia. E, depois, na volta pro Brasil, ele levou você pra passear de cadeira de rodas por 3 aeroportos e um vôo atrasado. Aí, de Guarulhos, direto pra ser operada no mesmo hospital que você operou tanta gente.

Essa de Tulum foi a pior. Mas tiveram várias né? Atenção pra andar não era seu forte. A mais grave foi no México, mas a mais engraçada e inusitada foi a vez que você conseguiu quebrar o pé tropeçando na faixa de pedestre.

Você gritou muito "Hip! Holl!" remando canoa havaiana com o papai e os amigos até os 67 anos. Até saíram numa revista la de Santos, sua cidade natal. Você tava linda! Ah, e não é que você ia passear de canoa numa boa. Você ia la na frente, puxando o ritmo.

Você tomou dois sustões dos filhos. Nos dois, acidentes de carro. O pior foi o do Márcio que foi operado por colegas seus, no Hospital que você operava.

Nesse mesmo Hospital, você implantou e liderou a Comissão de Ética Médica. Brigando e provocando colegas pelo bem da profissão.

Mas não ficou "só" no Hospital. Você foi pro CRM também. E lá trabalhou durante mais de 10 anos como delegada. Escreveu 2 livros com os colegas, estudou e se envolveu em vários casos contribuindo – e muito – para que sua profissão fosse exercida (e tratada) com respeito, profissionalismo e ética. Ah, e não só da sua época como do futuro, com projetos ligados às faculdades, para garantir melhor instrução ética aos novos profissionais.

Você amava isso. Amava o CRM. Parecia que, quanto mais trabalho vinha, e quanto mais cabeludo o caso fosse, mais motivada e envolvida você ficava.

E que envolvimento com a profissão hein? Desde criança lembro dos presentes que chegavam de pacientes "gratos pra sempre" por você ter salvado a vida deles. Ou do filho. Eram gratos até quando o destino de problemas incuráveis vencia a sua competência e dedicação. Aí eu via como você ficava triste.

Incrível você ter vivido tudo isso e tantas outras coisas e ter feito tudo parecer tão fácil, tão leve, tão simples.

Só me resta ser eternamente grato e te pedir uma única coisinha:

Descansa, mamãe.

Te amo.

Saturday 10.26.19
Posted by Piu Afonseca
 

Por muito mais que 11

Cantamos nosso hino aos berros, com vontade e orgulho. Nos pintamos e nos vestimos de verde e amarelo. Penduramos nossa bandeira na janela, nos carros, nos embrulhamos nela. Com orgulho também. Foi lindo.

Mas perdemos. Em casa. Na Copa das Copas. 7 x 1. Triste mesmo, sem dúvida.

E a festa que fizemos? E os anfitriões que fomos? E todos os outros motivos que temos para comemorar? E, também, todos os motivos que temos para torcer? Torcer não por um time. Torcer por uma nação. Torcer por nossa pátria amada. Um país gigante de tamanho e de alma. Que merece ser mais bem tratado. Que precisa ser mais amado, mais respeitado. Por nós mesmos.

O hino de uma nação não é como o hino de um clube. Assim como nossa bandeira não é como um escudo de time. É bem mais que isso. Nossa bandeira tem 125 anos. Cantamos esse mesmo hino há 183 anos. E essa seleção que vimos jogar e, pela qual, cantamos o hino até ficarmos roucos, foi formada há 2 meses.

É importante o que fizemos por ela. Mas é fundamental que não façamos só por um time. Que façamos por nossa nação. Se quando cantamos o hino nos estádios estávamos torcendo e, muitas vezes, protestando por um time que não estava jogando como queríamos, vamos continuar a torcida.

Mas não por um time, por uma nação.

Não por 11, por 200 milhões.

Não só dentro dos estádios, por nosso Brasil inteiro.

Então, que as bandeiras continuem nas janelas, nas fachadas, nos carros, nos mercadinhos e botecos.

Porque a torcida não deve acabar.

#naorecolhamasbandeiras

Thursday 07.10.14
Posted by Piu Afonseca